EBITDA - COMO CALCULAR?
Reinaldo Luiz Lunelli
Um indicador financeiro bastante utilizado pelas
empresas de capital aberto e pelos analistas de mercado é o chamado
EBITDA, cujo conceito ainda não é claro para muitas pessoas. A sigla
corresponde a “Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and
Amortization”, ou seja, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e
amortização.
CONCEITO
Em linhas gerais, o EBITDA representa a geração
operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de
recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em
consideração os efeitos financeiros e de impostos. Difere do EBIT,
conhecido como o lucro na atividade, no que se refere à depreciação e
amortização, pois o EBIT considera estes efeitos contábeis.
A utilização do EBITDA ganha importância, porque
analisar apenas o resultado final da empresa (lucro ou prejuízo) muitas
vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real desempenho em um dado
período, já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis de
serem mensurados.
CÁLCULO DO EBITDA
Um primeiro passo é calcular o lucro operacional,
que, de acordo com o critério utilizado no Brasil, é obtido como a
subtração, a partir da receita líquida, do custo das mercadorias
vendidas (CMV), das despesas operacionais e das despesas financeiras
líquidas (despesas menos receitas com juros e outros itens financeiros).
Vale lembrar que a definição de lucro operacional em boa parte do mundo
exclui o resultado financeiro.
Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro
operacional a depreciação e amortização inclusas no CMV e nas despesas
operacionais. Isso porque essas contas não representam saída de caixa
efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento
quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou tempo,
e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda, vale
ressaltar, é apenas econômica e não financeira, ou seja, não há um
desembolso efetivo do recursos no período.
Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a
despesa financeira líquida, que foge do escopo de análise do indicador,
ou seja, de efetivo desempenho operacional. Assim, para o cálculo do
EBITDA, adicionam-se os juros, depreciação e amortização ao Lucro
Operacional Líquido antes dos impostos.
Vale lembrar que muitas empresas já publicam
diretamente o indicador, que não é de divulgação obrigatória de acordo
com as regras da CVM. Isso tende a facilitar a análise, embora muitos
analistas critiquem as diferentes metodologias adotadas, principalmente
em relação a itens extraordinários.
APLICAÇÃO DO EBITDA
O indicador pode ser utilizado na análise da origem
dos resultados das empresas e, por eliminar os efeitos dos
financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a
produtividade e a eficiência do negócio.
Como percentual de vendas, pode ser utilizado para
comparar as empresas quanto à eficiência dentro de um determinado
segmento de mercado. Além disso, a variação do indicador de um ano em
relação a outro mostra aos investidores se uma empresa conseguiu ser
mais eficiente ou aumentar sua produtividade.
Por outro lado, como ressalva, vale lembrar que o
EBITDA pode dar uma falsa idéia sobre a efetiva liquidez da empresa.
Além disso, o indicador não considera o montante de reinvestimento
requerido (pela depreciação), fator especialmente crítico nas empresas
que apresentam ativos operacionais de vida curta. Assim, o EBITDA é um
indicador financeiro muito relevante, mas que deve ser utilizado
combinado com outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão
mais apropriada da performance da empresa. Ainda assim, é certamente o
mais acompanhado pelos analistas e acaba ganhando bastante importância
também na análise de crédito e nos múltiplos de avaliação de empresas.
Em
determinado cenário, uma empresa pode apresentar um EBITDA
verdadeiramente “astronômico” e nem sequer ter dinheiro para pagar os
salários (basta que tenha vendido a clientes que não pagam, ou que tenha
efetuado avultados investimentos). Isto deve-se ao fato deste indicador
analisar somente as contas de resultado, não se importando com a
movimentação patrimonial.
O
caso da famosa Worldcom é um bom exemplo disso. Um investidor que se
tenha deixado “guiar” pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações
contábeis” efetuadas nas contas patrimoniais.
* Reinaldo Luiz Lunelli: Contabilista, auditor,
consultor de empresas, professor universitário, autor de livros técnicos
de matéria contábil e tributária e membro da redação dos sites Portal Tributário e Portal de Contabilidade.
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